terça-feira, 15 de julho de 2014

IRATI - 107 ANOS






Nestas idas e vindas em que Irati avançou e recuou, o balanço para quem conheceu Irati na década de 60, 70 e pedaço da década de 80 do século passado sendo morador e filho, e depois como filho e assíduo visitante, posso dizer na minha humilde ótica que é positiva a visão que tenho hoje.
Parece que ela esta do tamanho que gostaríamos que tivesse, nem grande demais que escondesse na totalidade o que era e nem pequena que não pudéssemos nos orgulhar do seu progresso.
Refiro-me como saudosista às marcas do passado, Irati cresceu a olhos vistos, progresso? Não sei se na expectativa dos seus habitantes, mas pode-se dizer que não estagnou, talvez porque se trata de um centro regional, penso que cresceu, mas nem poderia dizer que pelo capital de fora empregado na cidade, mas como um esforço do povo local, que agregando valores a sua cultura e empreendimentos apostou na sua querida cidade e vê dar bons frutos numa Irati que caminha em direção ao futuro, e que por certo vai aproveitar o bonde da história, nivelando-se a outras cidades no que tange ao desenvolvimento e bem estar de seus cidadãos.
Mas voltando ao abstrato, porque geralmente o saudosista não diz muito sobre o atual, atendo suas observações ao que passou, mesmo porque acho que pelo que sei há muitos cronistas iratienses que desenrolam o dia a dia da pérola do sul, para as pessoas em blogs e sites, ficando a parte da memória a uns poucos “moicanos” , aos quais me junto para cumprir o que tomei como uma missão.
E nestes tempos em que Irati faz 107 anos, é sempre bom relembrar como era Irati aos que conheceram e apresentar a quem levará adiante os caminhos da pérola do sul a seus filhos e netos e para tanto me permitam instalar o “coreto” da história na praça da bandeira, sob o som de um antigo dobrado nos acordes imaginários de uma antiga “briosa” iratiense, que perfilados vinham pela Munhoz e adentravam na Quintino em direção a praça arrepiando os corações com o dobrado Batista de Melo, e para quem olhasse ali na esquina do correio, poderia ver ancorado em apenas um braço em uma pequena árvore em um nervoso discurso o senhor das madrugadas, Candinho Coruja, que primeiro, em mãos sobre o peito reza uma prece a seu jeito a Nossa Senhora das Graças, para depois então em altos brados desfilar impropérios a política local, e aos insistente pedidos na delegacia de policia local para que o proibissem de discursar em via publica... E antes que Coruja, terminasse seu discurso, parado do outro lado, o seu amigo “Carcaça”, agora sóbrio, via a briosa, iniciar com estilo o dobrado Dois Corações em harmônica batida militar, cujo maestro agora descomposto deixava que observassem atrás dos óculos 2 lágrimas descerem em flagrante emoção, e antes que estacionassem seus meninos ao lado da praça, uma rodinha lá perto dos trilhos dos trens, ouvia atento mais uma historia de “Juvenal Mole”, para só depois darem-se conta de que Elias Harmuch da rádio ZYP2 de Irati, procurava no meio do povo, jogadores do time de football do Irati Sport Club, para uma entrevista antes do Match da tarde contra o fantasma de Ponta Grossa. Enquanto no coreto, As poetas Virgilio Moreira, Alzira Dembiski, Olga Zeni, Braulio Zarpelon, José Orreda e Foed Chamma, convidavam Silvio Ribeiro para regesse a orquestra “briosa” no hino do Cinqüentenário de Irati que Silvio havia composto e que o povo faria o coro, e aquele dia teria sido tão brilhante que se entrassem todos em transe poderiam ouvir pela eternidade o Dobrado Saudades da Minha Terra, invadindo os momentos de dor ou de gloria da história de Irati, e por certo esta fantasia faria jus não aos sonhos que são abstratos, mas ao concreto amor pela sua terra que norteia a vida de cada iratiense.
Salve a pérola do sul, nos seus 107 anos.


Edilson Souza