sábado, 8 de dezembro de 2012

Flor de Laranjeira

 No despontar da tardezinha
visitou-me o perfume de uma flor...
Ele foi mansinho, entrando, entrando
como uma velha saudade...
Trouxe slides, fotos antigas,
e fora de época, um canto,
de uma saudosa sabiá ferreira
ali bem pertinho,
entre as flores da laranjeira...
Encantei-me com a fumaceira
dos Agostos de minha vida inteira.
Agucei minh`alma ao presente,
quem teria ele trazido,
na cauda passada do minuano...?
Rastros de primavera
vem antes da hora costumeira.
E a poesia a sua espera,
mas só a alma viaja,
e se traja, nas flores de laranjeira...

 
Malgaxe

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Antigos Natais Iratienses





É um passeio pelas imagens e odores de um tempo,

vozes entrelaçadas a risos, sonhos nos verões

quentes de Irati...

Uma saudade com gosto de pepino azedo, de cerveja

de casa, do perfume indescritível de cuque

no forno de barro, da inocência da amizade, da gratidão

a Deus, por viver aqueles momentos...

É bom ter estas passagens para lembrar, pois

a alma pulsa em preto e branco e vê-se menina

entre a gente vestida da simplicidade, mesmo

participando da festa de um rei, e divide a alegria

humilde de oferecer a fé, para de quem recebeu

a vida um dia...

Os natais são marcos tão nítidos em nossas vidas,

que não é possível somente sorrir ao lembrá-los,

é uma enciclopédia ilustrada, reservando as vezes

um aperto no peito de grande saudade, e as vezes

o riso rasgado das grandes alegrias...

Ah! Como cada um gostaria de revivê-los, reunir

novamente todos que nos são caros, apagar as

lágrimas das partidas, renascer também sob as luzes de natal, igual ao cristo para abraçar cada amigo que por nossa vida passou, sentir cada gosto, cada cheiro, dividir cada segundo daqueles bons tempos, para novamente ter a oportunidade de reviver o que pela eternidade será inesquecível...

Ah, iratienses!!! Polacos, ucranianos, mestiços, todos,

somos todos um pouquinho da Pérola do Sul, vivendo cada um a seu tempo, lembrando cada um os seus dias, somos estas lembranças entalhadas na alma iratiense, nossos natais são mais que um lembrar, é uma identidade que ao infinito das eras pertence e sempre com lágrimas ou sorrisos traremos para compor nossas mais caras e inesquecíveis lembranças...



Edílson Souza

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Matriz de Nossa Senhora da Luz




Que as rosas brindem tua vida,
pequeninas, perfumadas,
como fragmentos antigos
nas partidas, nas chegadas...

Voltar em voz infantil,
em olhares adolescentes,
aos sinos de outros tempos,
na busca de sinais,
que um verão deixou,
na vida que não volta mais...

Nos caminhos da Senhora da Luz,
guardo em lendas o amor,
o que sonhei talvez...
o perfume da flor
nos contornos da ladeira,
a aventura primeira,
do inesquecível primeiro amor...

Tem um pouquinho de cada um,
nesta beleza que não tem idade.
São pedaços de nossas vidas,
em suas paredes esculpidas,
viajando pela eternidade...

Malgaxe

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Poeta...


Rebento do preto e branco,
que o incólume céu poeta levou...
Sem despir-te do doce do vale do mel,
foste uma lira ao vento
vararam tuas mãos com letras
tocadas por mil lembranças desbravadas.
Buscadas, guardadas, expostas
à alma pra esverdear o caminho
ou pincelar dourado às veredas de Irati...
Ter no silêncio a trajetória,
delineando a glória na própria alma,
para alimentar-se, sem dar-se a notar...
Que gigante é, iratiense sempre será...
Quantas lembraria ele,
quem um poeta exalta e lembra?
Quem dera as flores fossem as mesmas,
o fervilhar místico do cantar também...
Gerações nos separam...E agora
a eternidade é a estrofe que faltava
a tua poesia, mas é cedo para este
sem estar diante de ti, entoar...
O desterro do chão natal...
São outonos perdidos no caminho,
amores deixados às estrelas,
uma saudade ao ver tantas primaveras,
pousarem sobre outras poesias...
Entôo então a ti minhas letras, poeta,
ramo da tua, que me é permitido
assim pensar, porque sou o que
é meu coração, e eras tu ao legar-nos
a ti,  para nós e para a nossa querida Irati!


Malgaxe

quarta-feira, 28 de março de 2012

Sábados



Todo sábado é assim...
Se remove a poeira do carro, a canseira
do corpo e se exclui os pesos da alma...
Pinta-se a tarde de happy hour quando veste-se
com esmero...E de alegria apenas, quando um gole, um trago
veste o singelo viver...
Os sábados são assim...
Festinhas antes, baladas agora,
é a paciência da noiva, em cima da hora,
é o noivo enfeitadinho dizendo sim...
Sábado tem sons de barraquinha,
tem cheiro de feijoada e cerveja...
É dia de vizinho, chimarrão com carqueja.
Sábado é o dia que a sexta, sufocou,
aquele que joga a ressaca pro domingo,
é dia de reunir amigos com risos e bingo,
nele o choro da segunda nunca se imaginou...


Malgaxe

Sobre os domingos de Irati



Hoje cabe um registro...
Talvez em todos os domingos haja espaço para um registro,
porque se há coisas que não nos cabe mudar são
as que motivam para a vida, a embelezam e nos trazem saudade,
nesta trajetória um pouco delineda por nós e muito
pelo que aqui já estava antes e vão ficar depois de nós!
É como ilustrar páginas da vida com novas saudades ao reler o que pelos anos aí está, ... As horas de introspecção
com a memória voltada para as coisas que nos são caras,
não há palavras, apenas imaginativos slides sob um fundo azul.
Quem sabe para tantos seja um domingo qualquer,
mas a mim cabe um registro... Sobre Irati, e sempre caberá!


Malgaxe

Outonos de Irati...


Sucedem-se os anos, no calendário da existência vão somando-se chegadas, partidas, e no grafite que grava nas telas da nossa vida nossos momentos, é hora novamente de registrar o amarelado das folhas, a brisa fria das manhãs, as neblinas de outono do vale do mel.
Tem mais as faces de Irati estas estações, o orvalho é mais presente ao nascer do dia, o mesmo que encharcava os pés meninos nas manhãs de domingo em um campinho qualquer, qualquer que reunisse meia dúzia de olhos de sonhos, reunidos as vezes apenas para conversar, como se fosse um necessário e indispensável contato, e como a "cerração" fazia parte desta magia.
Sim, os outonos pintam Irati em nossas memórias como verdadeiramente lembramos ruas, bosques, como desenha o tempo aos nossos olhos e almas a velha Pérola do Sul.


Edílson Souza


O manequim



Na rua Xv de julho, à quem passava,
era notória a presença dela,
um mistério lá de cima emanava,
quando se via a sombra na janela!


Deduzia-se, apesar do medo,
o que por certo deveria ser,
e como um intocável segredo,
zombava dos que puderam ver!


O repetir na retina,
eterniza a visão,
e esta eterna visão repentina,
esticava o olhar naquela direção!


Mas o tempo que tudo subtrai,
tirou esta magia dos olhos, enfim,
e numa bela noite que por aí vai,
roubou-nos a sombra do manequim!

Malgaxe

Caminhos do São Vicente



Em tuas sombras tantos ideais,
tantos os dias com tua gente.
Guardai meninos em sua memória,
instantes de tão bela história,
nos caminhos do São Vicente!


E sorri na colina em tuas vestes,
tal o sorriso do rebelde valente.
Herói do tempo, da manhã ao arrebol,
um Deus a distribuir raios de sol,
com o singelo nome de São Vicente!


Hão de florir teus dias pela eternidade,
e ser de paz tua existência, somente.
Grata é a alma que sentiu teu calor,
em teus braços declarou seu amor,
de um viajor, nos caminhos do São Vicente!


Malgaxe 

O Iratiense



O iratiense é um ser interessante,
falante, orgulhoso e meio afoito,
é patriota, aventureiro e andante,
herói, amante ou rebelde menino de 68!


E uma mescla rara de muitas raças,
é polaco, ucraniano e bugre dos faxinais,
é a cara de suas igrejas, ruas e praças,
é um barco que parte, e volta a seu cais!


E que traços tem estas mulheres daqui,
perfeitas, singelas, da beleza nascidas,
como o céu, serras e as manhãs de Irati,
belas como a iratiense natureza de suas vidas!
Malgaxe

Domingos Iratienses



Quantas vezes amanheceu e anoiteceu teus dias na memória de teu viajores filhos, em quantos domingos se viram eles entre o verde de tuas colinas, o olhar amigo de tua gente, o perfume tão familiar de tuas flores, o azul tão mais azul de teu céu.
Sim, em quantas auroras num resquício de neblina te viram como a velha pérola, dos avós sentados lado a lado em algum dia distante, numa viagem atraves de suas ruas, num bom dia prazeroso, num radinho de pilha no domingo a tarde em musicas caipiras, dos sorvetes e dolés, do receber em casa quem vier, em quantos domingos foi inesquecível à lembrança e à alma de sua gente que anda por aí pelo céu e pela terra.
Ecoam pra ti dos cardeais mais distantes, das terras mais longinqüas o desejo de eternidade física e espiritual, pois é a reverência orgulhosa que mora na alma de cada iratiense, um culto infinito de um filho para a mãe, do riso para a alegria, do desejo de amar ao amor materno que nunca vai deixar de ser a nossa querida e bela Irati.


Malgaxe

O Teu céu ...


Podem as convenções de poucos te negar guarida no rol daqueles que nasceram sob o mesmo céu, sob a beleza da mesma luz.
Podem os anos te afastar dos dias de tua pátria mãe, dando a muitos a impressão de que dela esqueceste.
Podem todas as primaveras de tua vida desfilarem diante de teus olhos, e como pano de fundo, impor-te um lar que não é o seu.
Podem tentar mudar teu sotaque, teus costumes, tuas lendas, as figuras de devoção de tua alma, o amor do caminho da tua vida.
Podem na sua trajetória, transfigurar tuas belas manhãs da infância, e te apresentarem outras plagas, tentando seduzir teu olhar, e nada te fará mais feliz que a sagrada lembrança das almas, da geografia e da arquitetura, do lugar onde tu nasceu!


Malgaxe

Pedras de Irati

Onde estariam elas...
Testemunhas do tempo,
silenciosas e únicas,
com seus jeitos rústicos,
e seus corpos sólidos...?
pensando bem,
este parece apenas um dos vazios,
que os saudosistas em comum,
frisam em suas listas!
Afinal, elas são gélidas,
tão inválidas,
aos projetos políticos,
e à robustez do asfalto, esquálidas!
Hoje a lembram numa poesia...
E citam como inesquecível,
ledo relembrar, tempos de criança,
"eles" tornaram esta história, perecível...
Pedras de nossas ruas... Apenas lembrança!
 

Malgaxe

Irati...




Quando as colinas ao longe,
já escondiam tuas catedrais, eu partia.
E nestes bornais que se levam saudades,
acomodei algumas lembranças...
Tuas manhãs azuis, os sons da matriz,
a beleza intocável dos jardins bem feitos,
o silencio tocante de um chaminé de tijolos,
na virtuosa pobreza que guarda
o dom de ser feliz...  
Um inesquecível contraste é teu corpo,
tuas formas, as tuas vestes Irati.
És a flor maravilhosa e branca que
enfeita o berço, a trajetória e o jazigo, aqui...
Depois, teu encanto é silvestre, e envolve a palha,
o caminho de pedras, e o humilde descanso, logo alí...

Tenho de ti, estas imagens, de quando parti...
São dois mundos, em um mesmo céu, da cor
que puder olhar, o olhar!


Edilson Souza

Senhora da Graças



Da fé que borbulha, na criança que nasce,
desde os primeiros raios, do sol que levanta,
espalhando-se único e belo em nossa face,
é místico e belo o teu olhar de santa!


E resplandece teu brilho, em teu manto de luz,
tua presença de mãe, braços de paz,
divinas graças que a todos conduz,
bençãos a teus filhos, a ternura trás!


O vale do mel incorporou sua divina graça
a sua paisagem, à oração diária de sua voz.
Rogai por nós, Senhora desta vida nossa,
ao ontem, ao hoje, ao dia que passa, rogai por nós!


Malgaxe

Roda de Amigos



A vida parece uma roda de velhos amigos,
reunidos numa esquina da imaginação,
um desfile de charme num sarau antigo...

Num balanço gostoso de uma velha canção !

Tinha um cheirinho de laquê, brilhantina,
leite de rosas, ou nauseante patchouli,
e como era linda aquela gente menina!


Lembra um tal de Jaime, gola alta em seu SP2,
quanto charme tinha ali, sob o bar do Tadeu...
Era um tempo em que não existia depois,

nem tudo se imaginava, daquilo que se viveu!

E é bem assim este eclética e breve lembrança,
é Maria fumaça, que passa para depois silenciar,
como flor de laranjeira, perfumando a tarde criança...

Como a vida toda que se vive, para depois recordar!

Edilson Souza

Retrato



O olhar que se propaga além da lente,
busca sempre aqueles ângulos diferentes,
e a alma vôa quando o pensamento divaga,
e se embriaga entre imagens ausentes...


Há tanto que pontilhar em tua geografia,
que onde se olha lhe falta uma cor,
onde estará escondida a velha fantasia,
a quem a utopia, dedicou tanto amor...?


Onde estarão as crianças das esquinas,
que nestas imagens de hoje não se vê mais,
as brincadeiras das alegrias meninas,
que o tempo se encarrega de tornar surreais?


Malgaxe

Levaram pra Ponta Grossa...



Algo é dito há muito tempo,
que o significado é tão corriqueiro,
e soa como uma expressão ao vento,
escondendo o seu tom verdadeiro!


Quando crianças num mundo pequenino,
não há tempestades que se há de passar,
não se enxerga a dor ou o desatino,
atrás das lágrimas de algum olhar...


E sempre foi assim esta maneira de dizer,
incorporou-se à palavra cotidiana.
É o interstício entre o viver e o morrer,
que a alma que espera, jamais engana!


E há um tempo que tudo se esclarece,
a verdade cresce junto a caminhada nossa,
mais nada surpreende nos dias que a vida tece,
se desaparece a esperança, rumo a Ponta Grossa!


Malgaxe

Olha só...


Quem não lembra velhas passagens,
de um quebra-corpo, em meio a pinheirais...
É claro que vislumbrar velhas imagens,
há que se ter brincado em antigos quintais...


Para a alma, é exigente seu parecer,
não basta um carreiro atrás da matriz,
ou paisagens que não se deveria esquecer,
como desenhos apenas de um branco giz!


Procure traços folhando teus cadernos,
de cores, de confidência ou de Ciencias,
ignore estes olhares frios e modernos,
são tudo e ternas, tuas reminiscências!


Tudo... 

Malgaxe

...Do sul

Faces são espelhos
dos anos... A de pedra, a de céu,
a de bochechas vermelhas...
Elas estão aí a espera de
outro olhar,receptivo,
desvalido, de descaso,
no ocaso tristonho,
ou em algum sem sonho, 
em suas fachadas baixas,
onde se encaixa algum divagar...
A geografia repete-se
disforme, nas lentes azuis,
eslavas... Pêssankas,
Arco-iris, num bojo verde
de velas azuis escuras a
nau Irati, revolve covais,
pinheirais, jograis...
Segue redesenhando os rumos,
apaga uns lambrequins aqui,
alguns sorrisos alí, baixa
uma cortina, descortina outra,
o riso da Ervira, foi louca e pouca
mas fez muita gente rir...
Embandeirada de palmeira,
a face da São Miguel,
foi dos idílios, ao adeus,
mirante que expraiou o olhar
no colorido casario, olhos que o tempo
descoloriu, vêem a luz da noite se alongar... 
As faces são espelhos
dos anos...Embaixo de todos
os aniversários o diário:
De como foi, de como era,
de como é, de como está,
empilhados como eras, o congelo
do inacessivel, em preto e branco,
numa flãmula esportiva, numa flor
ressecada nas páginas de um livro...
Não haverá dísticos, portais, bronzes...
Não haverão pórticos, epitáfios e arabescos...
Tuas faces guardarão teu olhar...

Malgaxe

Céu de Irati



Onde é este céu, salpicando
os Dezembros de vagalumes e carinhos,
velhas ruas de romantismo margeando...
manhãs, tardes e noites de nossos caminhos...?


Onde é este luar, das breves brincadeiras,
do lampião a gás, da saudosa roda cotia,
onde é que a fogueira na noite fria,
iluminou a história de vidas inteiras...?


Se distante, se olhar ao sul o firmamento,
verá seus rastros que aos teus olhos sorri,
e de onde teu amor procurar no pensamento,
a estrela que verás se chamará Irati...! 


Edilson Souza
 

Águas de Irati



Ainda vive em teus nevoeiros,
o som de tuas cachoeiras,
brisas, sopros passageiros,
a vida assoreada de águas ligeiras!


É um vinco negro que ja passeou majestoso
o cheiro é ocre, morre aqui e ali,
o nascer das águas é triste e danoso,
para os olhos e para a alma de Irati!


É um hino a saudade tuas águas antigas,
embora o progresso necessário, e fatal,
lembro que meninos saltavam em longas vigas,
mergulhando no rio das antas, atrás do Isal!


Estas alegrias eram breves e simples assim,
quisera ter menos inocência, dominado a terra,
talvez fosse mais nossa a cachoeira da serra,
mais justa fosse a luta contra a natureza, enfim! 


Malgaxe

Abençoada seja...


Abençoadas sejam as páginas de teus dias,
Irati polaca, ucraniana, do sorriso amigo,
do desenho em pedras de tuas alvas moradias,
do piso rústico do nosso tempo antigo!

Há sempre para o romântico, um reviver ,
numa farinha com leite em outros tempos

como era belo, aquele singelo viver,
felizes e inesquecíveis momentos!

Abençoadas sejam as páginas de teus dias,
no sabor eucalipto do São Vicente,
no cheiro de pinho do C.a.u.o, quantas alegrias,
sem fantasias, é um pouco da vida da gente!


Edilson Souza

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Munhoz...


Nestas tardes, alí pertinho das seis,
depois do chimarrão, solte a tua voz,
cante um The Snakes, um Sambão,
... faça com a Difusora uma oração,
e depois a noite, vá caminhar na Munhoz...


Leve alguns olhares no teu bornal...
Em preto e branco, o que passou.
Olhar do Juvenal, do Vico, do Tadeu,
dos amigos que a alma não esqueceu,
do Chocolate que no Sucata cantou...


Sente-se e reflita, quanta história tem esta rua,
quanta gente sentou no bar do Colaço...?
Hoje teu olhar sorve aço, amiúde o vazio,
é de agora este progressivo frio,
que ocupa este ou aquele espaço...!


Saudade, relembranças, despeito e mágoa...
A alma é nobre, imune ao fortuíto desatino.
não há epílogo na lembrança minha,
aprendi a aceitar o caminho e seguir a linha,
o tempo...Dele o dono é o destino!


Malgaxe

Domingos Iratienses.



Vestiam-se de frescor os antigos domingos, e não era só a cobertura de ramagens onde embaixo servia-se o almoço, era o respeitoso bate papo, ouvintes atentos, sentados em cadeira de palha, no vai e vem do preparo da comida, num jogo de bola de gude, de futebol, ou simplesmente a alegria criança entrincheira embaixo das mesas fazendo algazarra e memorizando a conversa dos adultos.
Este frescor vinha do ar, onde silenciavam as fábricas de beneficiamento da madeira que a fumaça jogava no ar, o azul era mais azul, o verde era escuro, límpido aos olhos e a alma, tinha cores originais aquela aquarela chamada Irati, hoje desbotada e com restaurações aqui e ali, que escondem aos olhos, mas não a alma as tintas frescas e destiladas do seio de sua gente, de que foi feita.
É tempo de buscar resquícios, quem sabe taperas espalhadas nos quadrantes que foram ou são caminhos de almas que se propuseram a eternizar o que foi e é sua terra, no frescor de uma antiga aurora domingueira ao sol, ou repondo aqui e ali uma palavra na legendária história da nossa terra mãe.


Malgaxe

Carnavais de Irati


Era singela aquela fantasia criança,
bailinhos a tarde no calor das tres.
Porque para adulto era 4 dia de festança,
e a noite, um dia na Suobri outro no Polonês?


Embora a pergunta, toda a dúvida acabava,
2 bailinhos por carnaval era sufuciente,
a gente inocente, com tudo se encantava,
e construiu a saudade que hoje a alma sente!


Era uma festa de suor, confete e serpentina,
as pilastras enfeitadas de figuras coloridas,
era a alegria singular da infância pequenina,
o contentamento contente, de tantas vidas...


Passa tudo, como passam todos os carnavais,
mas revive sim a festa que a gente fez,
um passeio saudoso que o tempo não tras mais,
ao Clube do Comércio, a velha Suobri, ao Polonês!


Malgaxe 

Anotações sobre ti, Irati!

Como é bom navegar na memória...
Rever em vitrais , a velha paisagem.
O Grande Hotel, o Plaza e o Astória,
são um pouco da história desta viagem!

O silencio que olha tudo, se emociona,
era de armazém e gente, a 7 de setembro,
igual a minha, tua alma aceita e se decepciona,
com tudo que mora hoje nas palavras...Eu lembro!!

São de retalhos e poeira estas lembranças,
uma Senhorinha, uma Pierina, um Candinho,
e são lambrequins e barro, tempos crianças,
carros de praça, saída da escola, burburinho!

Este livro já foi escrito a muito tempo,
repousa um céu, um amor, o que passou,
na alma de quem ama, é um sereno vento,
este livro que desenhou, cada dia que ficou!

Malgaxe



Amigos iratienses...


Quem vai nos caminhos do mundo afora,
leva na alma as coisas de seu lugar.
a imagem saudosa numa antiga fotografia
relembra este ou aquele outro dia,
o tempo congelado em apenas um olhar!

Isso é pátrio, é soberana reverência,
com asas curiosas somos abelhas iratins.
Parte de uma gloriosa e bela trajetória,
espraiamos além fronteira, a nossa história,
esta orgulhosa memória, a outros confins!

E afloram as vezes nossas longínquas eras
no dividir fraterno dum arquivo de imagens.
Foram momentos vividos, realizadas quimeras,
a alegria e a dor nas antigas "primaveras",
como contavam os anos, das nossas viagens!

E passa a vida, os amigos, o velho tempo,
e o rumo é o mesmo, a direção, a eternidade.
Compartilhar a lágrima, o riso, o pensamento,
é muito mais que reviver cada nosso momento,
é reunir almas para uma oração a nossa cidade!

Edilson Souza

Iraty Sport Club





Podem chamar isto de saudosismo,
de lembranças sem nada prático...
Mas preferia sim o velho amadorismo,
contra Guarani, América e Fanático!

... As velhas arquibancadas do azulão...
E ali no tapete um Nego, um Olair,
sem ter que passar pela humilhação,
de ver o time pouco a pouco cair!

Este Iraty de agora, nunca foi iratiense,
era melhor ver Sarico, Dino e Duda,
um Zavelinski, um Odilon ali na frente,
que o marasmo "profissa", que nunca muda!

Eles não sabem a saudade que sente,
aos domingos, a alma desta gente,
daquele belo futebol feito com amor,
Amador sim, mas de alegria presente!

Edilson Souza

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pãinas e Vassourinhas

Na lousa da vida que atravessa o tempo,
vão se apagando antigos cotidianos,
e voa ao infinito o giz ao vento,
descolorindo a lembrança dos velhos anos...


Afastaram ao longe o viver interiorano,
secaram as vassourinhas, no chão dos quintais,
os arames descrevem um dividir insano,
nas almas que nasceram nos antigos faxinais...


Na lousa da vida, pergaminho de quem vive,
se vê as pegadas profundas da gente daqui,
é alento à alma do homem que revive,
a nostalgia dos dias que ficaram na alma de Irati...!


Há resquícios do ontem na vida iratiense
é qual nascer do sol, vai e vem na saudade tanta,
baila como pipa de pãinas, valsa vienense,
neblina de saudosas manhãs no morro da santa!


Malgaxe