sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Munhoz...


Nestas tardes, alí pertinho das seis,
depois do chimarrão, solte a tua voz,
cante um The Snakes, um Sambão,
... faça com a Difusora uma oração,
e depois a noite, vá caminhar na Munhoz...


Leve alguns olhares no teu bornal...
Em preto e branco, o que passou.
Olhar do Juvenal, do Vico, do Tadeu,
dos amigos que a alma não esqueceu,
do Chocolate que no Sucata cantou...


Sente-se e reflita, quanta história tem esta rua,
quanta gente sentou no bar do Colaço...?
Hoje teu olhar sorve aço, amiúde o vazio,
é de agora este progressivo frio,
que ocupa este ou aquele espaço...!


Saudade, relembranças, despeito e mágoa...
A alma é nobre, imune ao fortuíto desatino.
não há epílogo na lembrança minha,
aprendi a aceitar o caminho e seguir a linha,
o tempo...Dele o dono é o destino!


Malgaxe

Domingos Iratienses.



Vestiam-se de frescor os antigos domingos, e não era só a cobertura de ramagens onde embaixo servia-se o almoço, era o respeitoso bate papo, ouvintes atentos, sentados em cadeira de palha, no vai e vem do preparo da comida, num jogo de bola de gude, de futebol, ou simplesmente a alegria criança entrincheira embaixo das mesas fazendo algazarra e memorizando a conversa dos adultos.
Este frescor vinha do ar, onde silenciavam as fábricas de beneficiamento da madeira que a fumaça jogava no ar, o azul era mais azul, o verde era escuro, límpido aos olhos e a alma, tinha cores originais aquela aquarela chamada Irati, hoje desbotada e com restaurações aqui e ali, que escondem aos olhos, mas não a alma as tintas frescas e destiladas do seio de sua gente, de que foi feita.
É tempo de buscar resquícios, quem sabe taperas espalhadas nos quadrantes que foram ou são caminhos de almas que se propuseram a eternizar o que foi e é sua terra, no frescor de uma antiga aurora domingueira ao sol, ou repondo aqui e ali uma palavra na legendária história da nossa terra mãe.


Malgaxe

Carnavais de Irati


Era singela aquela fantasia criança,
bailinhos a tarde no calor das tres.
Porque para adulto era 4 dia de festança,
e a noite, um dia na Suobri outro no Polonês?


Embora a pergunta, toda a dúvida acabava,
2 bailinhos por carnaval era sufuciente,
a gente inocente, com tudo se encantava,
e construiu a saudade que hoje a alma sente!


Era uma festa de suor, confete e serpentina,
as pilastras enfeitadas de figuras coloridas,
era a alegria singular da infância pequenina,
o contentamento contente, de tantas vidas...


Passa tudo, como passam todos os carnavais,
mas revive sim a festa que a gente fez,
um passeio saudoso que o tempo não tras mais,
ao Clube do Comércio, a velha Suobri, ao Polonês!


Malgaxe 

Anotações sobre ti, Irati!

Como é bom navegar na memória...
Rever em vitrais , a velha paisagem.
O Grande Hotel, o Plaza e o Astória,
são um pouco da história desta viagem!

O silencio que olha tudo, se emociona,
era de armazém e gente, a 7 de setembro,
igual a minha, tua alma aceita e se decepciona,
com tudo que mora hoje nas palavras...Eu lembro!!

São de retalhos e poeira estas lembranças,
uma Senhorinha, uma Pierina, um Candinho,
e são lambrequins e barro, tempos crianças,
carros de praça, saída da escola, burburinho!

Este livro já foi escrito a muito tempo,
repousa um céu, um amor, o que passou,
na alma de quem ama, é um sereno vento,
este livro que desenhou, cada dia que ficou!

Malgaxe



Amigos iratienses...


Quem vai nos caminhos do mundo afora,
leva na alma as coisas de seu lugar.
a imagem saudosa numa antiga fotografia
relembra este ou aquele outro dia,
o tempo congelado em apenas um olhar!

Isso é pátrio, é soberana reverência,
com asas curiosas somos abelhas iratins.
Parte de uma gloriosa e bela trajetória,
espraiamos além fronteira, a nossa história,
esta orgulhosa memória, a outros confins!

E afloram as vezes nossas longínquas eras
no dividir fraterno dum arquivo de imagens.
Foram momentos vividos, realizadas quimeras,
a alegria e a dor nas antigas "primaveras",
como contavam os anos, das nossas viagens!

E passa a vida, os amigos, o velho tempo,
e o rumo é o mesmo, a direção, a eternidade.
Compartilhar a lágrima, o riso, o pensamento,
é muito mais que reviver cada nosso momento,
é reunir almas para uma oração a nossa cidade!

Edilson Souza

Iraty Sport Club





Podem chamar isto de saudosismo,
de lembranças sem nada prático...
Mas preferia sim o velho amadorismo,
contra Guarani, América e Fanático!

... As velhas arquibancadas do azulão...
E ali no tapete um Nego, um Olair,
sem ter que passar pela humilhação,
de ver o time pouco a pouco cair!

Este Iraty de agora, nunca foi iratiense,
era melhor ver Sarico, Dino e Duda,
um Zavelinski, um Odilon ali na frente,
que o marasmo "profissa", que nunca muda!

Eles não sabem a saudade que sente,
aos domingos, a alma desta gente,
daquele belo futebol feito com amor,
Amador sim, mas de alegria presente!

Edilson Souza