quarta-feira, 28 de março de 2012

Sábados



Todo sábado é assim...
Se remove a poeira do carro, a canseira
do corpo e se exclui os pesos da alma...
Pinta-se a tarde de happy hour quando veste-se
com esmero...E de alegria apenas, quando um gole, um trago
veste o singelo viver...
Os sábados são assim...
Festinhas antes, baladas agora,
é a paciência da noiva, em cima da hora,
é o noivo enfeitadinho dizendo sim...
Sábado tem sons de barraquinha,
tem cheiro de feijoada e cerveja...
É dia de vizinho, chimarrão com carqueja.
Sábado é o dia que a sexta, sufocou,
aquele que joga a ressaca pro domingo,
é dia de reunir amigos com risos e bingo,
nele o choro da segunda nunca se imaginou...


Malgaxe

Sobre os domingos de Irati



Hoje cabe um registro...
Talvez em todos os domingos haja espaço para um registro,
porque se há coisas que não nos cabe mudar são
as que motivam para a vida, a embelezam e nos trazem saudade,
nesta trajetória um pouco delineda por nós e muito
pelo que aqui já estava antes e vão ficar depois de nós!
É como ilustrar páginas da vida com novas saudades ao reler o que pelos anos aí está, ... As horas de introspecção
com a memória voltada para as coisas que nos são caras,
não há palavras, apenas imaginativos slides sob um fundo azul.
Quem sabe para tantos seja um domingo qualquer,
mas a mim cabe um registro... Sobre Irati, e sempre caberá!


Malgaxe

Outonos de Irati...


Sucedem-se os anos, no calendário da existência vão somando-se chegadas, partidas, e no grafite que grava nas telas da nossa vida nossos momentos, é hora novamente de registrar o amarelado das folhas, a brisa fria das manhãs, as neblinas de outono do vale do mel.
Tem mais as faces de Irati estas estações, o orvalho é mais presente ao nascer do dia, o mesmo que encharcava os pés meninos nas manhãs de domingo em um campinho qualquer, qualquer que reunisse meia dúzia de olhos de sonhos, reunidos as vezes apenas para conversar, como se fosse um necessário e indispensável contato, e como a "cerração" fazia parte desta magia.
Sim, os outonos pintam Irati em nossas memórias como verdadeiramente lembramos ruas, bosques, como desenha o tempo aos nossos olhos e almas a velha Pérola do Sul.


Edílson Souza


O manequim



Na rua Xv de julho, à quem passava,
era notória a presença dela,
um mistério lá de cima emanava,
quando se via a sombra na janela!


Deduzia-se, apesar do medo,
o que por certo deveria ser,
e como um intocável segredo,
zombava dos que puderam ver!


O repetir na retina,
eterniza a visão,
e esta eterna visão repentina,
esticava o olhar naquela direção!


Mas o tempo que tudo subtrai,
tirou esta magia dos olhos, enfim,
e numa bela noite que por aí vai,
roubou-nos a sombra do manequim!

Malgaxe

Caminhos do São Vicente



Em tuas sombras tantos ideais,
tantos os dias com tua gente.
Guardai meninos em sua memória,
instantes de tão bela história,
nos caminhos do São Vicente!


E sorri na colina em tuas vestes,
tal o sorriso do rebelde valente.
Herói do tempo, da manhã ao arrebol,
um Deus a distribuir raios de sol,
com o singelo nome de São Vicente!


Hão de florir teus dias pela eternidade,
e ser de paz tua existência, somente.
Grata é a alma que sentiu teu calor,
em teus braços declarou seu amor,
de um viajor, nos caminhos do São Vicente!


Malgaxe 

O Iratiense



O iratiense é um ser interessante,
falante, orgulhoso e meio afoito,
é patriota, aventureiro e andante,
herói, amante ou rebelde menino de 68!


E uma mescla rara de muitas raças,
é polaco, ucraniano e bugre dos faxinais,
é a cara de suas igrejas, ruas e praças,
é um barco que parte, e volta a seu cais!


E que traços tem estas mulheres daqui,
perfeitas, singelas, da beleza nascidas,
como o céu, serras e as manhãs de Irati,
belas como a iratiense natureza de suas vidas!
Malgaxe

Domingos Iratienses



Quantas vezes amanheceu e anoiteceu teus dias na memória de teu viajores filhos, em quantos domingos se viram eles entre o verde de tuas colinas, o olhar amigo de tua gente, o perfume tão familiar de tuas flores, o azul tão mais azul de teu céu.
Sim, em quantas auroras num resquício de neblina te viram como a velha pérola, dos avós sentados lado a lado em algum dia distante, numa viagem atraves de suas ruas, num bom dia prazeroso, num radinho de pilha no domingo a tarde em musicas caipiras, dos sorvetes e dolés, do receber em casa quem vier, em quantos domingos foi inesquecível à lembrança e à alma de sua gente que anda por aí pelo céu e pela terra.
Ecoam pra ti dos cardeais mais distantes, das terras mais longinqüas o desejo de eternidade física e espiritual, pois é a reverência orgulhosa que mora na alma de cada iratiense, um culto infinito de um filho para a mãe, do riso para a alegria, do desejo de amar ao amor materno que nunca vai deixar de ser a nossa querida e bela Irati.


Malgaxe

O Teu céu ...


Podem as convenções de poucos te negar guarida no rol daqueles que nasceram sob o mesmo céu, sob a beleza da mesma luz.
Podem os anos te afastar dos dias de tua pátria mãe, dando a muitos a impressão de que dela esqueceste.
Podem todas as primaveras de tua vida desfilarem diante de teus olhos, e como pano de fundo, impor-te um lar que não é o seu.
Podem tentar mudar teu sotaque, teus costumes, tuas lendas, as figuras de devoção de tua alma, o amor do caminho da tua vida.
Podem na sua trajetória, transfigurar tuas belas manhãs da infância, e te apresentarem outras plagas, tentando seduzir teu olhar, e nada te fará mais feliz que a sagrada lembrança das almas, da geografia e da arquitetura, do lugar onde tu nasceu!


Malgaxe

Pedras de Irati

Onde estariam elas...
Testemunhas do tempo,
silenciosas e únicas,
com seus jeitos rústicos,
e seus corpos sólidos...?
pensando bem,
este parece apenas um dos vazios,
que os saudosistas em comum,
frisam em suas listas!
Afinal, elas são gélidas,
tão inválidas,
aos projetos políticos,
e à robustez do asfalto, esquálidas!
Hoje a lembram numa poesia...
E citam como inesquecível,
ledo relembrar, tempos de criança,
"eles" tornaram esta história, perecível...
Pedras de nossas ruas... Apenas lembrança!
 

Malgaxe

Irati...




Quando as colinas ao longe,
já escondiam tuas catedrais, eu partia.
E nestes bornais que se levam saudades,
acomodei algumas lembranças...
Tuas manhãs azuis, os sons da matriz,
a beleza intocável dos jardins bem feitos,
o silencio tocante de um chaminé de tijolos,
na virtuosa pobreza que guarda
o dom de ser feliz...  
Um inesquecível contraste é teu corpo,
tuas formas, as tuas vestes Irati.
És a flor maravilhosa e branca que
enfeita o berço, a trajetória e o jazigo, aqui...
Depois, teu encanto é silvestre, e envolve a palha,
o caminho de pedras, e o humilde descanso, logo alí...

Tenho de ti, estas imagens, de quando parti...
São dois mundos, em um mesmo céu, da cor
que puder olhar, o olhar!


Edilson Souza

Senhora da Graças



Da fé que borbulha, na criança que nasce,
desde os primeiros raios, do sol que levanta,
espalhando-se único e belo em nossa face,
é místico e belo o teu olhar de santa!


E resplandece teu brilho, em teu manto de luz,
tua presença de mãe, braços de paz,
divinas graças que a todos conduz,
bençãos a teus filhos, a ternura trás!


O vale do mel incorporou sua divina graça
a sua paisagem, à oração diária de sua voz.
Rogai por nós, Senhora desta vida nossa,
ao ontem, ao hoje, ao dia que passa, rogai por nós!


Malgaxe

Roda de Amigos



A vida parece uma roda de velhos amigos,
reunidos numa esquina da imaginação,
um desfile de charme num sarau antigo...

Num balanço gostoso de uma velha canção !

Tinha um cheirinho de laquê, brilhantina,
leite de rosas, ou nauseante patchouli,
e como era linda aquela gente menina!


Lembra um tal de Jaime, gola alta em seu SP2,
quanto charme tinha ali, sob o bar do Tadeu...
Era um tempo em que não existia depois,

nem tudo se imaginava, daquilo que se viveu!

E é bem assim este eclética e breve lembrança,
é Maria fumaça, que passa para depois silenciar,
como flor de laranjeira, perfumando a tarde criança...

Como a vida toda que se vive, para depois recordar!

Edilson Souza

Retrato



O olhar que se propaga além da lente,
busca sempre aqueles ângulos diferentes,
e a alma vôa quando o pensamento divaga,
e se embriaga entre imagens ausentes...


Há tanto que pontilhar em tua geografia,
que onde se olha lhe falta uma cor,
onde estará escondida a velha fantasia,
a quem a utopia, dedicou tanto amor...?


Onde estarão as crianças das esquinas,
que nestas imagens de hoje não se vê mais,
as brincadeiras das alegrias meninas,
que o tempo se encarrega de tornar surreais?


Malgaxe

Levaram pra Ponta Grossa...



Algo é dito há muito tempo,
que o significado é tão corriqueiro,
e soa como uma expressão ao vento,
escondendo o seu tom verdadeiro!


Quando crianças num mundo pequenino,
não há tempestades que se há de passar,
não se enxerga a dor ou o desatino,
atrás das lágrimas de algum olhar...


E sempre foi assim esta maneira de dizer,
incorporou-se à palavra cotidiana.
É o interstício entre o viver e o morrer,
que a alma que espera, jamais engana!


E há um tempo que tudo se esclarece,
a verdade cresce junto a caminhada nossa,
mais nada surpreende nos dias que a vida tece,
se desaparece a esperança, rumo a Ponta Grossa!


Malgaxe

Olha só...


Quem não lembra velhas passagens,
de um quebra-corpo, em meio a pinheirais...
É claro que vislumbrar velhas imagens,
há que se ter brincado em antigos quintais...


Para a alma, é exigente seu parecer,
não basta um carreiro atrás da matriz,
ou paisagens que não se deveria esquecer,
como desenhos apenas de um branco giz!


Procure traços folhando teus cadernos,
de cores, de confidência ou de Ciencias,
ignore estes olhares frios e modernos,
são tudo e ternas, tuas reminiscências!


Tudo... 

Malgaxe

...Do sul

Faces são espelhos
dos anos... A de pedra, a de céu,
a de bochechas vermelhas...
Elas estão aí a espera de
outro olhar,receptivo,
desvalido, de descaso,
no ocaso tristonho,
ou em algum sem sonho, 
em suas fachadas baixas,
onde se encaixa algum divagar...
A geografia repete-se
disforme, nas lentes azuis,
eslavas... Pêssankas,
Arco-iris, num bojo verde
de velas azuis escuras a
nau Irati, revolve covais,
pinheirais, jograis...
Segue redesenhando os rumos,
apaga uns lambrequins aqui,
alguns sorrisos alí, baixa
uma cortina, descortina outra,
o riso da Ervira, foi louca e pouca
mas fez muita gente rir...
Embandeirada de palmeira,
a face da São Miguel,
foi dos idílios, ao adeus,
mirante que expraiou o olhar
no colorido casario, olhos que o tempo
descoloriu, vêem a luz da noite se alongar... 
As faces são espelhos
dos anos...Embaixo de todos
os aniversários o diário:
De como foi, de como era,
de como é, de como está,
empilhados como eras, o congelo
do inacessivel, em preto e branco,
numa flãmula esportiva, numa flor
ressecada nas páginas de um livro...
Não haverá dísticos, portais, bronzes...
Não haverão pórticos, epitáfios e arabescos...
Tuas faces guardarão teu olhar...

Malgaxe

Céu de Irati



Onde é este céu, salpicando
os Dezembros de vagalumes e carinhos,
velhas ruas de romantismo margeando...
manhãs, tardes e noites de nossos caminhos...?


Onde é este luar, das breves brincadeiras,
do lampião a gás, da saudosa roda cotia,
onde é que a fogueira na noite fria,
iluminou a história de vidas inteiras...?


Se distante, se olhar ao sul o firmamento,
verá seus rastros que aos teus olhos sorri,
e de onde teu amor procurar no pensamento,
a estrela que verás se chamará Irati...! 


Edilson Souza
 

Águas de Irati



Ainda vive em teus nevoeiros,
o som de tuas cachoeiras,
brisas, sopros passageiros,
a vida assoreada de águas ligeiras!


É um vinco negro que ja passeou majestoso
o cheiro é ocre, morre aqui e ali,
o nascer das águas é triste e danoso,
para os olhos e para a alma de Irati!


É um hino a saudade tuas águas antigas,
embora o progresso necessário, e fatal,
lembro que meninos saltavam em longas vigas,
mergulhando no rio das antas, atrás do Isal!


Estas alegrias eram breves e simples assim,
quisera ter menos inocência, dominado a terra,
talvez fosse mais nossa a cachoeira da serra,
mais justa fosse a luta contra a natureza, enfim! 


Malgaxe

Abençoada seja...


Abençoadas sejam as páginas de teus dias,
Irati polaca, ucraniana, do sorriso amigo,
do desenho em pedras de tuas alvas moradias,
do piso rústico do nosso tempo antigo!

Há sempre para o romântico, um reviver ,
numa farinha com leite em outros tempos

como era belo, aquele singelo viver,
felizes e inesquecíveis momentos!

Abençoadas sejam as páginas de teus dias,
no sabor eucalipto do São Vicente,
no cheiro de pinho do C.a.u.o, quantas alegrias,
sem fantasias, é um pouco da vida da gente!


Edilson Souza