quarta-feira, 17 de agosto de 2011

IRATI - O vale do mel


Há coisas que nunca saem do nosso coração, e só quando os anos passam é que nos damos conta que estas coisas estão tatuadas no mais fundo da alma que embora o tempo, elas jamais se extinguirão.
É como acordar pela manhã, abrir a janela e ver que a banquinha de revistas de madeira na esquina da Munhoz/XV de Novembro, não existe mais, e Tex, Batman e Tarzan, ainda existem e os vemos ao cruzar as portas da velha banquinha.
É como se ao passarmos o olhar lá no alto da 19 de Dezembro, víssemos o vazio de uma fábrica dos Gomes, sem fumaça, sem operários, sem nostalgia, mas viva no apito que os anos de nossa infância imortalizaram na nossa memória. É como ligar o rádio e ouvir a voz grave de Doca Leite, a maviosa de Santoro Neto, tantos dias nos acompanharam estas vozes que fica difícil esquecer e em flashes, revivemos a partida de amigos desta vida em notas fúnebres, vozes que traziam a alegria e a tristeza para que nossas almas jamais esquecessem deles, e não esqueceram.
Ou então acordar de um pequeno sono vespertino, e sair a andar por ruas asfaltadas, quando os pés estavam acostumados aos reluzentes paralelepípedos centenários, hoje sepultadas, longe dos sonhos preservacionistas de um antigo professor, que ousou servir de referência para a memória de Irati, e que Deus não nos prive de seus saberes, nem de seus sonhos, sonhos como este que a luz do progresso não permitiu, por ser este, um sonho em preto e branco, portanto, inadmissível em nossos dias.
Haverá muitos rostos a destacarem teu semblante atual, Irati, mas poucos para guardarem a tua memória, e terem a coragem de sentirem a saudade, própria dos que amam.
Todas estas lembranças, e muitas outras, que temos, mas que a fisionomia e a geografia da cidade esconderam, moram onde só a eternidade pode tirar, e assim sempre a veremos, nós, os saudosistas.
Vivam as suas épocas, jovens, que num futuro longínquo, olharão por onde passaram, e como nós, terão saudade de tudo e verão extinguir-se o que lhes acompanhou pela vida, pois jazerão na geografia e fisionomia da cidade, para viverem eternamente em vossos corações!

Obs. ”Irati, fica num vale, ao pé de imagem de Nossa Senhora das Graças, costumo chamá-la de Nossa Senhora das Graças de Irati, pois do alto abençoa toda a gente”. A padroeira de Irati é Nossa Senhora da Luz.
Malgaxe

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