quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Veredas da Pérola do Sul






Quantos quintais terá a minha terra..
E lembranças sujas de terra haverá em cada coração sob teu azulado céu...?
Cheirando a barro de pelotes, refestelando-se nas manhãs frias
quantos meninos envelhecidos haverá ruminando os dias no ar quente de fogões a lenha...?
Quem sabe corram... Ou em propositais demoras vão-se para os ternos caminhos do São Vicente, pelos carreiros do mato dos Gomes, a somar dias às futuras lembranças... Ah! Deus... Eu me vejo ali, como um beduíno ainda sem caminhos definidos na vida, vagando olhares para tantas direções, sim, eu e a tantos nos vejo ali, naquele cantinho da memória, transpondo “quebra corpos” na descida em campo verde.
Nesta imensa enciclopédia em que a fantasia me apresenta os azuis de Irati, em quantos quintais desdobrou-se semelhante a minha, uma história...?
Ou em ruas de paralelepípedos perfeitos, ou na aquarela da Serra dos( ou das?) Nogueiras, que olharam, registraram e tornaram inesquecíveis todos os meus dias, e ainda os tenho como num interminável filme, e assim de muitos como eu que não se permitem te esquecer, Irati.
Detalhes, que só o amor pode recriar nos momentos de retorno aos antigos dias, e expor quem sabe uma lágrima, ou um sorriso com um olhar de pena por tudo que ficou, não basta relembrar há que sempre se dizer a alma, eu estive entre os pinheirais do mato do Viana, tive medo do Seo Leonel, colhi agrião na rua Duque de Caxias, deslizando meus pés descalços da empoeirada rua até o riozinho ao lado, perigo? Não haveria perigo fosse qual fosse a aventura, pois esta era a saga que teria que ser desenrolada em nosso chão, estava escrito em nossos avôs, eles vieram do passado e nós assim seriamos no futuro, assim como ouvíamos, contaríamos nossas historias, e as temos meu Deus, tivemos a oportunidade divina de por nossas páginas no grande livro que se chama Irati.
Cada um a seu jeito, te viu Pérola do Sul...
Te vi graciosa nas casas com lambrequins, ou cravejadas de pedras em desenhos lhes dando um ar que fantasia, a romântica graça de suas praças, ou a memória forçando um renascer de prédios, e geografias que não existiam mais, o hotel em frente a antiga estação de trens, o ginásio Irati, o modelo “canudos” do nosso bairro Menemar, alí onde é a rodoviária, e a vagar sobre tudo a figura estranha da “Ervira”, velha conhecida da minha avó Angélica, ilustre figura do bairro Alto da Glória. “Ervira” moradora de uma das casas atrás do bar do Stein era um misto de historia e mistério com seus cabelos longos e desarrumados, visita frequente em casa da vó Angélica, que não ultrapassou a década de 70, levando para a eternidade sua simpatia e sorriso meigo. “Ervira”? Não sei como terminou sua vida, é uma lembrança que existe tal como a via há 40 anos.
E tal qual a fachada da Matriz Nossa senha da Luz, no final da subida da rua em frente, depois praça, da Matriz São Miguel expoente no “centro da foto” de Irati, o Colégio São Vicente, Nossa Senhora no Morro, guardo as lembranças de Irati, como se eu abrisse uma caixa de fotografias e me visse ao lado de cada uma, eternizado também, e feliz por ter tido a oportunidade, assim em vida de declarar o meu amor irrestrito pelo lugar onde nasci.
São tantos os personagens que relaciono a Irati, que a vida me seria pouco para tudo e todos, lembrar, e dizer, mas que farei, por certo enquanto viver, menção de tudo que é preciso lembrar.

Malgaxe

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