quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Irati - Pequenas histórias lV



Inspirado pelas histórias antigas, seguirei a descrição de alguns fatos, senão a altura de um historiador, de algum proveito para um pouco enriquecer nossa bela história, mesmo que com pequenos fragmentos.
Passear pelos barrentos barrancos do rio das antas, onde nos fundos do campo do Isal, mergulhávamos sem o medo necessário, longe dos olhos vigilantes dos pais.
Observar o lento deslocar da carroça do Ticão, morador nos pés do Alto da glória, e que fazia pequenos fretes para os vizinhos. Das perigosas incursões através de tubos de águas pluviais, feitos de cortes de pneus, amarrados em maços, que serviam na época de manilhamento, ninguém pensava em cobras e aranhas, era a brincadeira que valia, e só.
Viajar pelas noites da Radio Difusora, o programa do Santoro Neto, Coli e sua guitarra havaiana, Zé Tramela nas manhãs, Doca Leite e seu insistente instalar de um Tiro de Guerra em Irati, sonho não realizado pelo que sei.
A Marcha dos esportes, o noticiário do meio dia, ambos ao som de musicas americanas de derivação marcial, próprias de marchas militares.
O Cine Teatro Central do seu João Wasilevski, quando trocávamos rotulo do café Irati por entradas, os filmes de Far-west italiano, as musicas da velha musica italiana, as chanchadas nacionais, Mazzaropi. Perdoem-me esqueci o nome do bar em frente, ponto de reunião após as seções de cinema.
O bar do Colaço, e o Maluf onde se reunia a nata das cordas para encantar os visitantes.
Eram noites sem muitas opções, mas eram as nossas noites, do nosso tempo, e a memória se faz também do que viveram nossos pais, e nos passaram, e é exatamente este o objetivo destas singelas palavras.
Quem nunca ouviu falar da casa Choma, da Casa Nova, da Realeza, do Glinskinho e da lanchonete do Glinskão, quanta cervejas, quanta gente fazia daquele lugar um point,
ops, point é moderno mas era sim o ponto de encontro.
Os antigos Coches fúnebres, quantos amigos subiram a ladeira para ir descansar no alto, ao lado da igreja São Miguel, olhando de cima sua eterna cidade.
Os carros de praça, as viagens intermináveis até Guarapuava, Ponta Grossa, União da Vitória, a sinistra Serra da Esperança que tantos iratienses devolveu aos seus, para a ultima despedida.
Aos que viram ainda o Hospital de Caridade de Irati, lembrem, lembrem de Dona Pierina a parteira que trouxe ao mundo tantos iratienses, ao Vico, farmacêutico e ao mesmo tempo, médico dos mais pobres, da antiga Ford, dos meninos do Seminário Seráfico Santa Maria, que davam espetáculos em desfiles de Sete de setembro, dos discursos inflamados de Edgar Gomes, o prefeito da Arena dos tempos da ferrenha ditadura, que a nossa ingenuidade e distancia dos grandes centros não permitiu conhecer.
Irati é e sempre será aquilo que seus cidadãos, guardaram e guardarão na lembrança, pois nada é mais contundente e esclarecedor, que ouvir de um povo a própria história, pois há detalhes, que as fotografias antigas não mostram que parcos recursos de filmagens omitem e que modernas mídias, não poderão alcançar e que só o humilde relato de um cidadão pode esclarecer e ajudar a iluminar a posteridade.
Malgaxe

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