Irati

quinta-feira, 26 de março de 2015
Cine Theatro Central
O riso nas horas antigas,
eram inocentes, fáceis de achar,
era clara a face da amiga,
os segredos, amiúde se podia contar!
Os olhares naquelas horas distantes,
que um vento quente de verão levou,
eram a inspiração maior dos amantes,
tempos de poesia que pela estrada ficou!
As flores geradas em outras eras,
que perfumaram outras velhas gerações,
podem ser sementes de outras primaveras,
mas não aquelas que embalaram velhas canções!
Os verões de boca de sino e Cine Central,
As vezes voltam para a saudade suprir,
é como se um breve e silencioso vendaval,
nos convividasse para o passado partir...
Edilson Souza
As pedras da minha rua
As pedras da minha rua,
enfileiram-se como uma coleção de amigos,
porque as contemplando no lugar que estão,
eu vejo a eternidade dos meus momentos,
sem o receio de hoje ou amanhã os perder!
As pedras da minha rua,
são o tapete que eterniza o carinho,
da barulhenta meninada, de dia, a luz da lua,
a minha rua, é saudade do meu ninho!
As pedras da minha rua,
folheiam em minh`alma cada momento,
e aquela saudade minha e sua,
mora na tua rua, aos olhos, ou pensamento!
Edilson Souza
Crônica: Vale do Mel
Estas edificações antigas nos trazem uma nostalgia quase sempre temporal, pois relacionamos estas, quase sempre a lembranças que marcaram certos momentos de nossas vidas, e que o cotidiano, a vida corrida dos dias atuais nos fazem esquecer ou ignorá-las à consideração devida.
Mas é um carinho nativo,
nascido sob o vale do mel, é da nossa gente este querer bem por características
de Irati, sentimos um venturoso calor na alma quando afagamos as
nossas coisas com os olhos ou com o coração...
E cada vez que voltamos o
pensamento, o que nos vem são infindáveis páginas de um livro antigo, em
que fomos ao mesmo tempo idealizadores, personagens e escritores...
Quem sabe esteja exatamente aí a razão de todo o amor, de todo o inesquecível
carinho por nossa Pérola do Sul...
Nos sentimos o sotaque, a alma
polaca, as brumas das manhãs, os vitrais da Matriz, cada
verde paisagem, os azuis do céu, a bênção do anoitecer, e o bom dia
cheirando a broa fresca das manhãs...
Embora as lembranças sejam
temporais, resquícios de toda a vida engrandecem o carinho por Irati, e tomara
o Senhor da eternidade tenhamos longos anos, para podermos exercitar esta paixão
por Irati!
Edilson Souza
Vale das Sombras
Como é triste a vida
morta, em cada manhã...
Desta gente sofrida,
vidas da Rua Camacuã...
Ao sol, poeira e mau odor,
a fé que se tinha, acabou...
Na chuva, lama onde se for,
Cadê o novo que se calou?
Ora! Falta água, eles sofrem demais,
São lixo estes, lixo é o que sois...
do esgoto aberto, odores fecais,
e dos 4 anos, ainda faltam dois!
É desumano o esquecimento,
Olhem estes filhos de Deus...
Como olham a todo momento,
com carinho os filhos seus!
Edilson Souza
Crônica: Destruição
Será que lá atrás, há 40 anos ficou sepultado o último sopro
de vida, no apito das últimas fábricas?
Onde estão teus filhos que sonhavam com um novo ciclo,
fazendo da política a escada que leva ao ápice das realizações dos sonhos de um
povo?
Nas esteiras das grandes indústrias imaginárias, morrem a
cada dia no limiar da existência as utopias de almas cada vez mais jovens,
sedentas de vitórias suas e do lugar que nasceram e aprenderam a amar, mas que
não encontram a continuidade dos sonhos, constatando-os meros devaneios, numa
terra árida e sem iniciativa de caminhar em direção e a um novo ciclo.
É difícil olhar ao redor e ver passarem os anos e esvanecer
sob o nosso olhar resignado e sem resistência as esperanças de uma cidade
guiada sob a luz do desenvolvimento explícito das grandes indústrias, de uma
agricultura competitiva e de um comércio que cause orgulho por servirem
vizinhos de outras plagas...
Parece que o desacreditar que ronda as nossas manhãs esteja
nas obras inacabadas, na administração sem perspectivas e derrotada por sua
própria inércia no que tange a vislumbrar um futuro promissor, na própria
desilusão do povo com o voto de confiança depositado, no fisiologismo por
simpatia, dos governantes com a estagnação e com a falta de compromisso de
desenvolvimento!
Além do futuro incerto, mudam a geografia, não
arquitetônica, necessária a modernização de uma cidade, mas a geografia que se
refere a natureza vegetal, expondo a incompetência até para negociar com
particulares a não derrubada de uma mata, da extinção de um manancial que
futuramente poderia atender toda a cidade com suas águas tratadas
adequadamente... E que a sua manutenção evitaria futuras tragédias!
Ao ver as primeiras araucárias vindo abaixo ao redor do
Arroio dos Pereiras, não precisamos fazer reflexão alguma, posto que para a
destruição permitida so resta o lamento, a repulsa, a desaprovação de toda uma
gente, verdadeira dona desta terra!
Sentiremos saudade, pois vimos esta mata 3 vezes maior, com
araucárias centenárias que filtravam em verde, o azul do céu aos nossos
pequenos olhos...
Que pena Irati, que pena...
Edilson Souza
Crônica: Colégio São Vicente
Terá sido raro o iratiense que nunca pisou em algum tempo de sua vida, no chão que rodeia esta monumental catedral do conhecimento.
Não importa em que fase ele venha aos nossos olhos, posto que a emoção se repete como na primeira vez, e não é só a arquitetura, mas o que emana da sua imagem, o que nos causa este hiato na alma e na voz, demonstrando todo nosso carinho e respeito.
Ah! Se pudéssemos reviver novamente cada dia que passamos, sob seu abraço, é como um carinho de mãe que sentimos mais acentuados seus efeitos quando estamos longe...
Como esquecer as figuras contemporâneas que povoavam nossas manhãs e tardes nos corredores e pátio do São Vicente, era sim, a nossa cachaça, sentíamos falta dele e dos amigos sempre, eram longos e intermináveis os fins de semana quando ele repousava majestoso e em silencio na histórica colina sem a nossa presença, e contávamos os dias
nas férias para reencontrá-lo e aos amigos.
Ao olhar o infinito das lembranças muitas vezes inconscientemente,as brisas das manhãs nos trazem o odor suave de eucalipto, entremeado a algazarra que transformava
tudo num turbilhão nervoso, a saída, entrada e recreio dos turnos.
Por certo poucos lugares enriqueceram mais a personalidade e o caráter dos cidadãos, proporcionando índoles de ótima formação, conhecimento elogiável, e amizades sinceras, como esta instituição que há tanto tempo, há tantas gerações, ensina, educa e forma cidadãos.
Tive a sorte de vê-lo por toda minha vida, cresci nos caminhos que levam a ele, juntei a minha, às vozes que ecoaram em suas altas paredes, e lamentei com o mesmo amor os momentos que ali não pude estar...
As festas Juninas, o Cavalo de Ginástica, a piscina redonda, o carreiro de eucaliptos que cruzavam todo o terreno do Colégio, o barracão de artes industriais, os atalhos com quebra corpo tanto em direção a matriz como para o Alto da Glória, detalhes da geografia do São Vicente que nos vem a mente cada vez que dele lembramos.
Não importa em que fase ele venha aos nossos olhos, posto que a emoção se repete como na primeira vez, e não é só a arquitetura, mas o que emana da sua imagem, o que nos causa este hiato na alma e na voz, demonstrando todo nosso carinho e respeito.
Ah! Se pudéssemos reviver novamente cada dia que passamos, sob seu abraço, é como um carinho de mãe que sentimos mais acentuados seus efeitos quando estamos longe...
Como esquecer as figuras contemporâneas que povoavam nossas manhãs e tardes nos corredores e pátio do São Vicente, era sim, a nossa cachaça, sentíamos falta dele e dos amigos sempre, eram longos e intermináveis os fins de semana quando ele repousava majestoso e em silencio na histórica colina sem a nossa presença, e contávamos os dias
nas férias para reencontrá-lo e aos amigos.
Ao olhar o infinito das lembranças muitas vezes inconscientemente,as brisas das manhãs nos trazem o odor suave de eucalipto, entremeado a algazarra que transformava
tudo num turbilhão nervoso, a saída, entrada e recreio dos turnos.
Por certo poucos lugares enriqueceram mais a personalidade e o caráter dos cidadãos, proporcionando índoles de ótima formação, conhecimento elogiável, e amizades sinceras, como esta instituição que há tanto tempo, há tantas gerações, ensina, educa e forma cidadãos.
Tive a sorte de vê-lo por toda minha vida, cresci nos caminhos que levam a ele, juntei a minha, às vozes que ecoaram em suas altas paredes, e lamentei com o mesmo amor os momentos que ali não pude estar...
As festas Juninas, o Cavalo de Ginástica, a piscina redonda, o carreiro de eucaliptos que cruzavam todo o terreno do Colégio, o barracão de artes industriais, os atalhos com quebra corpo tanto em direção a matriz como para o Alto da Glória, detalhes da geografia do São Vicente que nos vem a mente cada vez que dele lembramos.
Edilson Souza
São Vicente...
Um dia meus olhos meninos,
pousei naquela antiga aquarela...
compondo, emoldurando a paisagem,
...Daria poesia aquela imagem,
pois eram inesquecíveis os traços dela...
Queria muito te ver,
ali, onde te olhei um dia...
Envelheceu sim, como meu olhar,
é o pesar, de viver e morrer assim,
alma e essência de toda a poesia...!
Nos despedimos mais uma vez,
por algumas manhãs, quem dirá...?
...Era teu abraço na juventude,
um sonho bom que a alma ilude,
passou, e o tempo não retornará...!
Queria em silencio te ver,
as coisas antigas em volta de ti...
Tudo que a saudade cobre como um véu,
teus verdes eucaliptos beijando o céu,
tua colina inesquecível em Irati...!
Edilson Souza
Santa Fé
Destas que se vê de Irati,
esta parece ser o fim...
Fazem chacota do povo,
e no lugar do novo,
mostram sua cara assim!
Vejam este exemplo,
a administração má...
O povo espera e espera,
e daquilo que era,
depois de tempo assim está!
Expliquem-me autoridades,
destas indagações que traço...
Dizem que fazem etc. e tal,
e neste circo sem açúcar nem sal,
fazem do povo triste, palhaço!
Senhores, diz um ditado,
que vem nesta manhã a mim...
diz que nem todo o bem é eterno,
e que o mal que suporta todo inverno,
em qualquer canto da terra, terá fim!
Edilson Souza
Salve os índios...!
Salve o dia dos índios,
aos de longe, a aos daqui,
aos que gostam de fazer ao vivo,
como os índios de Irati!
Tem algumas vergonhas alheias,
que a gente fica com gastura...
Afinal quem vai dar a sentença,
se os índios tem a toda a licença,
de habitar o teatro, pela prefeitura?
É seu dia, vamos festejar a data,
mas e o frio debaixo do concreto...
Tem-se que deixar de bravatas,
se esperar pelos burocratas,
jamais os silvícolas vão ter um teto!
Mas vamos levando os dias pascais,
levando assim, do jeito que dá...
Uns aqui mesmo nas hostes locais,
outros quem sabe no gelado Canadá!
Edilson Souza
Rua Camacuã
Irati já teve histórias tristes,
e esta ainda existe, perto do antigo Bataclã...
Conta-me um amigo da terra,
que ali sob as bênçãos da serra,
existe a longa Rua Camacuã!
Ninguém sabe o dia, nem hora,
que alguém pensou deitado em seu Divã...
___Está me dando prejuízo esta cidade,
e num ímpeto de grande necessidade,
criou por pura maldade, a Rua Camacuá !
Levantou Dalí onde estava,
saboreando uma Banana-maçã...
Olhou o céu azul iratiense,
pensou no povo Camacuense,
em pedra, asfalto e até em Tobogã!
___Vou fazer algo lucrativo,
nada de enfeite, arvores ou flores Chã...
Algo que exija muito reparo,
que aos cofres custe caro,
e pra mim seja como uma Festa pagã!
Então pôs em prática sua manobra,
e sibilou como cobra, em seu Butantã...
Vou fazendo e o povo comendo,
e a cada ano eu faço um remendo,
e assim vou vivendo, da Rua Camacuã...
Edilson Souza
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