A alma fala, chora e ri, refaz caminhos, exala sobre a
nostalgia os perfumes com os quais a banhamos um dia, é o tempo refeito numa
roda de prosa, no instante íntimo do poeta que mora em cada um de nós, na
saudade delineada sobre as pedras da Rua 24 de maio...
Quantos sorrisos, tristezas, alegrias, namoros na saída
do colégio, viu repetidas vezes em seus recantos, este pedacinho especial da
pérola do sul...?
Quem não sentiu o perfume adocicado esparramado sobre
as manhãs e noites vindos da uva Japão na rua de baixo, em frente a Café do
Paraná, dos cachos de pequeninas rosas
caídas sobre os muros, que delineavam aquele inesquecível caminho...?
Era de lá, do São Vicente que descíamos por ela, para o
abraço da nossa Irati, somando através
dos anos, carinho cada vez maior...
As torres da Matriz, a São Miguel, o Duque, o antigo
hospital, a Santa no morro, visões nascidas na 24 de Maio, entre tantas outras do dia a dia...
O tereno baldio Do Ginásio Irati guardava um mistério,
como seria a piscina que haveria nos fundos? Uma curiosidade que foi vencida
pelo tempo, e jamais escalamos os muros para decifrar o mistério, não por falta de
ousadia, mas por uma uma esmerada educação e respeito ao bem alheio, que a
gente recebia antigamente...
Subimos muitas vezes pelas calçadas e ruas de pedras
para as aulas no São Vicente, e muitas vezes também descemos repassando o
cotidiano, amargando notas baixas ou alegrias por alguma vitória...
Os muros altos escondiam belas casas, e testemunharam
como num longo filme a nossa passagem, a nossa felicidade e por vezes a
nossa tristeza, como naquele sábado em que o jovem Afonso Leite, o ganso,
descendo a 24 de Maio colidiu com sua moto no muro em frente ao Thoms e
Benato, e morreu no hospital logo depois, momentos que ficam indeléveis na
memória...
Num segundo capítulo desta rua, a parte da Cel. Emilio
Gomes, tem para os saudosistas a mesma magia, pois olhamos ela como um
todo sempre, e sem distinção onde começa uma e termina outra, encontramos neste
segmento a Sopaco de um lado e a Ford,com sua entrada “estilosa”, do outro, a Loja
Maçonica, o Banestado, o cruzamento célebre da Xv com Cel Emilio Gomes.
Na quadra final, tínhamos o Fórum, a Coletoria
Estadual, O INPS, o Corpo de Bombeiro e o Destacamento da Polícia Militar que
receamos pela falta de preservação do prédio histórico, e do outro lado da
rua a Prefeitura
que também remonta longa data...
Havia, segundo amigos, no prolongamento dela, mais ou
menos onde está o SESI, uma igreja, que ja tive oportunidade de ver numa foto
antiga, mas que o tempo não deixou resquícios e gostaria de confirmação de
algum amigo...
A vida é assim, as vezes não bastam as lembranças, e se
as temos, não ficamos satisfeitos com a simples saudade... Hão de procurar os nossos
olhos sempre por resquícios do que passou, mas não é imperativo a eles
constatar a presença física ou não da história, posto que tê-la vivido, é o que
faz a alma sorrir!
Edílson Souza
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