quarta-feira, 25 de março de 2015

Crônica: Artes de Irati





Bom dia, na capa do segundo exemplar da coleção 100 anos de Irati, do professor José Maria Orreda, ele trata de cinema, carnaval, dança, e circo, cito isto apenas para servir de origem do tema deste texto.
Nestes tempos de contradições, paradoxais e de indizíveis acontecimentos, é sempre propício comentarmos sobre o que nós éramos e o que nós somos em Irati.
Foi-se há muito um tempo os anos em que o carnaval era esperado e festejado, com 4 dias de olheiras, cansaço, e um silencio absoluto durante os dias na cidade, eram outros tempos, formavam-se blocos, coloriam-se os salões da SUOBRI, do Polonês e do Clube do Comercio, era um tempo em que isto era o carnaval, hoje passou a "moda", quer dizer, algo que se pretende como cultura nacional, e o povo relega por achar"cafona" e "fora de moda", mas enfim, o carnaval terminou em Irati, e o que resta dele hoje é usado para outras finalidades e não para a diversão propriamente dita, quem "pulou" carnaval e foi feliz, pulou, hoje é apenas uma manifestação que lembra, mais nada.
Assim como o carnaval o também foi extinto o cinema, se a gente pensar bem, eram coisas que recheavam a Irati antiga, aliás coloriam a cidade, perdeu as matizes que fizeram nosso passado, mesmo porque as coisas envelheceram, e não foi aplicado um "ômega 3" à velha Irati, que ao invés de ter uma jovial aparência, se fosse bem cuidada, tem realmente a cara de uma centenária, isto é triste, é cinzenta aos nossos olhos, e desanimador ao nosso coração, parece que não há mais ciclos para Irati, chegamos a última estação, e temos hoje a cara da RFFSA de nossa cidade, como algo esquecido, nos sótãos sob os lambrequins que um dia enfeitaram a festiva Pérola do Sul.
Poderíamos ter na cultura uma bela perspectiva no tocante ao futuro, mas apenas a qualidade do indivíduo pode ser considerada, porque a parte arquitetônica já não existe mais, e destas mentes que representam a cultura de Irati, não há destaque infelizmente, temos que admitir que a nossa juventude tem neste momento um espelho fragmentado para seguir, não bastasse o holocausto da cultura que se promove através da péssima musica, da negação da leitura, e do desinteresse completo pelas artes. Se bem que Irati não oferece uma exteriorização da cultura, ficando ela fechada na sofrida Casa da Cultura, e no compadrio fechado e inexpugnável da ALACS.
E quando se olha um teatro sem a mínima perspectiva de conclusão, acentua-se a certeza de que há uma nuvem negra sobre quem procurar algo mais aprofundado, sobre a obrigatória didática dos ciclos estudantis, lamentável!
Aqui e ali, alheios a severa dificuldade de armar possibilidades de reabilitar a esperança, de armar projetos que verdadeiramente visem o ser o humano e sua qualidade de vida, de armar o futuro com sólidas estrutura para suportar tempestades e inconvenientes, armam circos, apostando na velha e sempre eficiente "alegria de graça", circundando de fantasias a preocupação e o desamparo.
Um dia todos passarão, e se sempre em Irati pão e circo forem as únicas coisas que fizerem o povo de sorrir, por favor, o último que sair feche a porta!

Edilson Souza


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