quinta-feira, 26 de março de 2015

Crônica: Destruição





Será que lá atrás, há 40 anos ficou sepultado o último sopro de vida, no apito das últimas fábricas?
Onde estão teus filhos que sonhavam com um novo ciclo, fazendo da política a escada que leva ao ápice das realizações dos sonhos de um povo?
Nas esteiras das grandes indústrias imaginárias, morrem a cada dia no limiar da existência as utopias de almas cada vez mais jovens, sedentas de vitórias suas e do lugar que nasceram e aprenderam a amar, mas que não encontram a continuidade dos sonhos, constatando-os meros devaneios, numa terra árida e sem iniciativa de caminhar em direção e a um novo ciclo.
É difícil olhar ao redor e ver passarem os anos e esvanecer sob o nosso olhar resignado e sem resistência as esperanças de uma cidade guiada sob a luz do desenvolvimento explícito das grandes indústrias, de uma agricultura competitiva e de um comércio que cause orgulho por servirem vizinhos de outras plagas...
Parece que o desacreditar que ronda as nossas manhãs esteja nas obras inacabadas, na administração sem perspectivas e derrotada por sua própria inércia no que tange a vislumbrar um futuro promissor, na própria desilusão do povo com o voto de confiança depositado, no fisiologismo por simpatia, dos governantes com a estagnação e com a falta de compromisso de desenvolvimento!
Além do futuro incerto, mudam a geografia, não arquitetônica, necessária a modernização de uma cidade, mas a geografia que se refere a natureza vegetal, expondo a incompetência até para negociar com particulares a não derrubada de uma mata, da extinção de um manancial que futuramente poderia atender toda a cidade com suas águas tratadas adequadamente... E que a sua manutenção evitaria futuras tragédias!
Ao ver as primeiras araucárias vindo abaixo ao redor do Arroio dos Pereiras, não precisamos fazer reflexão alguma, posto que para a destruição permitida so resta o lamento, a repulsa, a desaprovação de toda uma gente, verdadeira dona desta terra!
Sentiremos saudade, pois vimos esta mata 3 vezes maior, com araucárias centenárias que filtravam em verde, o azul do céu aos nossos pequenos olhos...
Que pena Irati, que pena... 

Edilson Souza
  

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