A rua Dezenove... Era tão
cotidiana a nossa passagem por ela que às vezes nos esquecíamos que sentido
ela tinha...
Mas com o passar do tempo, a
velha 19 foi adquirindo importância não para administrações de Irati,
porque virou um campo para experiências no tocante ao tráfego iratiense, mas para
os saudosistas dos tempos que ainda se viam carroças trafegando, com seus coloridos
"chassis", vindo vazias e indo abarrotadas em direção ao interior, das compras feitas
no Armazém do Glinski, no Trento ou no Cavalim, 3 gigantes do comércio da Pérola do Sul, cada qual com seus cativos clientes...
A 19 era a antessala de muitos
iratienses, por ela estávamos a um passo do Hospital de Caridade de Irati,
da Igreja São Miguel, do Duque, do parquinho, do cemitério, do N S das
Graças... da festiva SUOBRI, da CAIL, da cinquentenária Sanepar, e abaixo, dos
potreiros pontilhados de araucárias que desciam majestosos em direção
ao arroio dos pereiras, de águas límpidas e preservadas...
Hoje vemos muitos locais de
destaque antigamente, e nos parecem como velhas figuras feitas em giz, que o
tempo se encarrega de desbotá-las, alheio a memória de alguns, sempre
saudosa dos velhos tempos...
A Padaria Guarani, A
Sorveteria do Gobor, o Bar do Moleta, o Cereais Coltro, o velho Depósito dos Pabis, alí
do outro lado da rua, onde buscávamos aqueles "pirulitos"
para fazer a gostosa maionese aos domingos... Bons tempos!
Com quantos amigos que já não
estão entre nós, nos encontramos na tranquila 19, "pedalamos" jogamos
bola de gude, futebol, nos pequenos espaços que o tempo
inapelavelmente nos levou, nos
deixando lembranças boas, subtraindo amigos e somando tesouros para toda a
vida...
Estas vivências na velha 19, é
a antiga arquitetura, a imagem de conhecidos que tiveram que partir, e
além, são pequenas partes da oração que a cada vez que nos perdemos nas lembranças, rezamos por
Irati, na exposta demonstração de amor, ou no silencio de nosso coração.
O sentido físico da 19, pode
ser uma coisa momentânea, que ao sabor do vento das decisões muda hoje e
retorna a antiga forma amanhã... Mas aquilo que faz parte da história, que norteia
o amor das pessoas por Irati jamais poderá ser mudado...
Esta aquarela vem de tempos
imemoriais, e embora pincelem sobre ela, cores atuais, não conseguem mudar aquilo que
a alma eternizou...
Edilson Souza
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