Falar da Rua Alexandre Pavelski, sem falar do antigo Bairro
Menemar, é omitir parte da história de Irati, e nada melhor que a verdadeira
geografia histórica deste bairro para contar sobre ele, mas tudo que ainda
resta são algumas memórias em forma de fotos, e é por onde deduzimos que o
Bairro Menemar tinha em uma das faces a Rua Conselheiro Zacarias, Rua Alexandre
Pavelski numa segunda face, na terceira a Rua Benjamin Constant e a quarta,
fechando um quadrado a Rua Edgar Távora, a mesma da praça Etelvina Andrade
Gomes.
Era um bairro industrial, pois tinha a Serraria Menemar e o
aglomerado humano, quase todos os funcionários da indústria, e uma vida simples
como convinha à época.
E a Rua Alexandre Pavelski, nos idos de 1960/70. Há 45 anos
atrás, tinha como resquícios da antiga Fabrica uma linha de moradias, que ia da
Conselheiro Zacarias até a Rua Dona Noca, lambrequins, cercas de ripas, e quase
sempre um pé de butiá na frente da casa, foi tudo que sobrou de um tempo que já
era saudade há 45 anos...
A Casa Brasil marcou época, era uma Casa de Secos e
Molhados, e o mais importante, o sorvete, muito apreciados, e muitas vezes
trocados pelo do Bar do Stein, que também eram muito bons.
Quando foi feito o asfalto, neste cruzamento Dona
Noca/Alexandre Pavelski foi um local de muitos acidentes, chamávamos de
"desatres" na época, talvez pelo grande movimento na Dona Noca, pois
não havia ainda o desvio pela 153, e quase toda a chegada a Irati passava por
ali.
Na esquina o Bar do Portela, foi durante muito tempo um dos
pontos da turma do aperitivo, assim como o Bar do Stein, já no topo da primeira
subida, já que a "Alexandre" sempre foi feita de lanços de subidas,
basta verem seu longo trajeto.
Mas entre as localizações destes dois bares, as familias
Pankoski, Pasternaki tinham residência, bem como o seu Maurílio Lopes também
morava neste trecho.
Na esquina o terreno do lado direto no canto da rua sempre
foi baldio, e a visão das casas bonitas no alto de um lado e de outro, cercadas
de palmeiras, sempre estiveram ali, como testemunhas de um tempo.
Mais acima, morava a Professora Eva, a Dona Tilinha, e bem
perto da esquina com a Duque de Caxias, as familias Gracheski e Kiffuri tinham
residências.
Alias, era exatamente nesta esquina que ficava o
Transformador da Força e Luz de Irati, e toda a tarde vinha um funcionário
ligar a luz do bairro e desligar pela manhã.
Mas não era todos que dispunham deste "luxo", havia
muitas famílias que usavam, lampiões a querosene, a gás e lamparinas, para
iluminar os lares, e as lâmpadas eram "focos" de 100 velas(wats), em
cada poste de mais ou menos 12
metros de altura que iluminavam precariamente as ruas.
Um detalhe, existia uns bons atiradores de setra que não raro nos deixavam sem
luz na rua, rsrsrsr
Nesta quadra nós morávamos, e também, o Seo Raul Medeiros de
Lima, que foi gerente da Fábrica do dalegrave, Seo Maneco Ledesma, um
especialista em consertos de rádio, mais antigamente, Seo João Borracha,
borracheiro que foi embora de Irati e que tinha uma filha cantora, a Nina, mais
na esquina, Dona Angélica e Seu Joaquim Souza, meus avós, a família Petchak,
meus tios, depois mais tios, a família Dino, ao lado destes a família Trinkaus,
Seo Valdemar e Dona Nena, depois os Amaral, seo Darci e família, em frente de
sua casa a família do Neno Capoeira, pai do Edson, e um pouco mais trás o Seo
Tivico e a Dona Vina, meus padrinhos.
Da Rua Olímpia Amaral Gruber para cima era terreno de
lavoura, onde nossas mães colhiam vassourinhas para varrer os terreiros das
casas, e também de painas que depois de secas, serviam como travesseiros, assim
como as palhas das espigas de milho serviam para encher os colchões, e de
tempos em tempos eram trocadas.
Estas painas eram as mesmas que davam as taquarinhas para
fazer as raias, e o Alto da Glória era um lugar privilegiado, pelo vento e pelo
lugar alto, para soltar as coloridas bidês, cujo papel de seda era colado com
cola feita de trigo, bons tempos.
Mas ainda existia duas residências mais acima bem no meio
das roças, a do Seo José Santos e do Seo Pompilho, para depois seguir a rua até
o laranjal que ficava na parte mais alta do bairro, ladeado por imensos capões
de mato verde escuro de floresta nativa, era verde e bonito o Alto da Gloria
antigo.
Hoje ecoa ainda o ranger nervoso dos carrinhos de madeira,
nas nossas memórias saudosas, eram tempos aventureiros, onde o limite poderia
ser onde alcançasse o nosso olhar, mas a alma sabia que existia um mundo imenso
além das serras azuis que a gente via ao longe, e em cada direção fomos como
pássaros em revoadas buscar, onde quer que estivessem os sonhos de nossas
vidas.
Edilson Souza
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