quarta-feira, 25 de março de 2015

Crônica: Irati Hoje





Quem diria que nossos olhos um dia veriam tais imagens? Não nos prometiam os velhos tempos que o nossos pequenos olhos veriam tais cores, um mundo visto das alturas, a geografia decomposta em traços que sepultariam  para sempre a visão interiorana e pacata da nossa querida Irati.
Quem não lembra o verde escuro de um vivo surpreendente, enclausurando a  beleza antiga de nossa cidadela, nascida para ser singular à nossa alma, e singela ao nosso coração?
Como eram belos os tons cinza daquelas ruas de pedra, do branco casario baixo, onde ecoavam apitos de fábricas nas madrugadas, e a vida seguia nos raios das bicicletas surgindo na surreal neblina, e desaparecendo nas manhãs...
Sim, a vida era mais vida, a beleza que nos surpreendia a cada amanhecer, era um todo onde podíamos olhar e dizer: Este é o orgulho de nossas vidas...
Hoje, é como uma primavera que floresce nos resquícios de um inverno rigoroso, sem lhe esconder os decompostos do velho jardim mal cuidado...
Víamos antes ao levantar os olhos, o verde de nossas serras, e a beleza imponente da Senhora das Graças, na humildade da nossa visão sabíamos serem verdadeiras e sob a proteção de Deus tais imagens...
Podem não ser falso o que a atualidade nos apresenta, mas ao olharmos esta imagem, e voltarmos o olhar para o teatro em "meia viagem", depois baixarmos os olhos para as calçadas despedaçadas,e lembrarmos dos tantos esboços de sonhos, se deteriorando e abandonados a beira da serra, nos perguntamos, será isso verdadeiro?
Será que nos tomam como crianças inocentes em bando saindo pelos corredores do Grupo Escolar Francisco Vieira de Araújo, e nos param, oferecendo balas de banana compradas no Stein ou no Gavlak, para que nos comportemos como bons e sonhadores meninos, e não os incomodem em suas maquinações "adultas"?
Ah! Alto da Glória, de que adianta a beleza estonteante lhe colorindo a face, se o perfume que lhe vem dos pés não são de flores...?
Se a aparente tranqüilidade de teus velhos recantos escondem a agonia lenta, estirando braços daninhos em todas as direções?
Ah! Irati somos pequenos como sempre, mas tão grandes como nossos sonhos, quando pensamos o melhor pra ti!
Era de terra o nosso chão, mas era tão verdadeiro que chega a dar saudade...

Edílson de Souza

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