quinta-feira, 26 de março de 2015

Crônica: Realidade




Não é a antiguidade das pedras dos passeios que enfeiam nossa cidade, pois já foram bandeira defendida por muitos que pensam exatamente serem elas um dos últimos motivos de valorização histórica de Irati.
Neste tempo não se trata apenas de preservação, porque esta visão perde espaço para a modernidade, já ultrapassamos infelizmente o corriqueiro de usar vassouras nas ruas e palavras ponderadas na boca para nos expressarmos a respeito da Pérola do Sul, devemos usar hoje picaretas e verbo ácido para tentarmos salvar o que resta das vias deste canto do mundo que amamos!
É triste a constatação que nos aflige, e mais contundente ainda é a falta de perspectiva para o amanhã, a coisa é séria e talvez passe despercebida ao iratiense morador local, pois a extensão desta “vergonha” atinge não só a nós em relação ao não iratiense que vem nos visitar, mas a nós mesmos e trocamos o sentimento de impotência mutuamente, pasmos e boquiabertos a nos perguntarmos: O que fizeram com nossa cidade?
Ninguém quer mais a história preservada na arquitetura, e nem o que resta dela, há algo hoje mais importante e urgente nas entrelinhas de Irati que é a necessária assepsia do que é novo e antigo, o abandono impõem regras bem mais severas que um matagal, o limbo causado pela água escorrendo em via pública, ou a calçada quebrada, ele exige a inércia, o desapego do amor por nossa cidade, algo tão triste que nenhum iratiense que gosta daqui, tem o direito de adotar para si, é uma traição aos nossos antepassados que plantaram com carinho os caminhos por onde andamos e que nossos filhos vão trilhar.
Envergonhemo-nos juntos, sem nunca esquecermos que numa democracia nos representam aqueles que colocamos e retiramos do poder, conforme a nossa vontade e circunstância!  

Edilson Souza

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