Não
é a antiguidade das pedras dos passeios que enfeiam nossa cidade, pois já foram
bandeira defendida por muitos que pensam exatamente serem elas um dos últimos
motivos de valorização histórica de Irati.
Neste
tempo não se trata apenas de preservação, porque esta visão perde espaço para a
modernidade, já ultrapassamos infelizmente o corriqueiro de usar vassouras nas
ruas e palavras ponderadas na boca para nos expressarmos a respeito da Pérola
do Sul, devemos usar hoje picaretas e verbo ácido para tentarmos salvar o que
resta das vias deste canto do mundo que amamos!
É
triste a constatação que nos aflige, e mais contundente ainda é a falta de
perspectiva para o amanhã, a coisa é séria e talvez passe despercebida ao
iratiense morador local, pois a extensão desta “vergonha” atinge não só a nós
em relação ao não iratiense que vem nos visitar, mas a nós mesmos e trocamos o
sentimento de impotência mutuamente, pasmos e boquiabertos a nos perguntarmos:
O que fizeram com nossa cidade?
Ninguém
quer mais a história preservada na arquitetura, e nem o que resta dela, há algo
hoje mais importante e urgente nas entrelinhas de Irati que é a necessária
assepsia do que é novo e antigo, o abandono impõem regras bem mais severas que
um matagal, o limbo causado pela água escorrendo em via pública, ou a calçada
quebrada, ele exige a inércia, o desapego do amor por nossa cidade, algo tão
triste que nenhum iratiense que gosta daqui, tem o direito de adotar para si, é
uma traição aos nossos antepassados que plantaram com carinho os caminhos por
onde andamos e que nossos filhos vão trilhar.
Envergonhemo-nos juntos, sem nunca esquecermos que numa democracia nos representam aqueles que
colocamos e retiramos do poder, conforme a nossa vontade e circunstância!
Edilson Souza
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